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As Origens do Estado de Israel e do Conflito com os Palestinos: Uma História de 75 Anos

As Origens do Estado de Israel

As Origens do Estado de Israel. Entenda a complexa história por trás da criação do Estado de Israel em 1948 e as raízes do conflito israelo-palestino que perdura há mais de sete décadas, marcado por guerras, acordos de paz frustrados e disputas territoriais.

As Raízes de um Conflito Ancestral

O conflito entre israelenses e palestinos, que já ultrapassa 75 anos, é considerado um dos mais complexos e persistentes da história moderna. Para compreender as dimensões desse embate, é necessário retroceder no tempo, muito além da criação oficial do Estado de Israel em maio de 1948.

O que para os israelenses representa a concretização de um sonho milenar, para os palestinos é lembrado como “Al-Nakba” (A Catástrofe), um evento que resultou no deslocamento forçado de centenas de milhares de árabes palestinos de suas terras ancestrais.

As Origens do Estado de Israel

Este artigo mergulha nas origens históricas, religiosas e políticas que moldaram o estabelecimento do Estado judeu e o consequente conflito com o povo palestino. Analisaremos desde o surgimento do movimento sionista no final do século XIX até os desafios contemporâneos que impedem a resolução pacífica desse impasse.

A partir dessa investigação histórica, será possível compreender por que a paz continua sendo um objetivo distante, apesar dos inúmeros esforços internacionais de mediação ao longo das décadas.

O Nascimento do Sionismo e o Contexto Histórico

O Surgimento do Movimento Sionista

O final do século XIX foi marcado pelo crescimento de movimentos nacionalistas por toda a Europa. Foi nesse contexto que surgiu o sionismo, termo que faz referência à teoria desenvolvida pelo húngaro Theodor Herzl. A ideia central do sionismo era que a sobrevivência do povo judeu, até então disperso pelo mundo e frequentemente vítima de perseguições, dependia fundamentalmente da criação de um Estado próprio e soberano.

Herzl publicou em 1896 o livro “Der Judenstaat” (O Estado Judeu), que se tornou o manifesto fundador do movimento sionista político. Nele, o autor defendia que apenas através da criação de um território nacional os judeus poderiam encontrar refúgio contra o antissemitismo crescente na Europa. A escolha da região da Palestina para o estabelecimento desse Estado não foi aleatória: baseava-se nas narrativas bíblicas sobre a antiga Terra de Israel, território considerado sagrado no judaísmo.

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A Palestina sob Domínio Otomano

Quando o movimento sionista começou a ganhar força, a região da Palestina encontrava-se sob o domínio do Império Otomano, que controlou o território por aproximadamente quatro séculos. A população local era predominantemente árabe e muçulmana, com minorias cristãs e uma pequena comunidade judaica que habitava a região desde os tempos antigos.

As primeiras ondas migratórias de judeus europeus para a Palestina, conhecidas como “aliyot”, começaram no final do século XIX. Esse processo migratório foi intensificado após o Primeiro Congresso Sionista, realizado em Basileia, Suíça, em 1897, que estabeleceu formalmente o objetivo de criar um “lar nacional para o povo judeu na Palestina”. A compra de terras por organizações sionistas e o estabelecimento de comunidades agrícolas conhecidas como kibutzim marcaram o início da presença judaica organizada na região.

O Período Entre-Guerras e o Mandato Britânico

A Queda do Império Otomano e o Domínio Britânico

O fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, trouxe mudanças significativas para o Oriente Médio. Com a dissolução do Império Otomano, potências europeias como França e Grã-Bretanha dividiram entre si o controle sobre várias regiões antes dominadas pelos turcos. A Palestina passou ao domínio britânico sob a forma de um mandato concedido pela recém-criada Liga das Nações.

Durante esse período, os britânicos adotaram posições ambíguas em relação aos interesses árabes e judeus na região. Dois documentos históricos ilustram bem essa ambiguidade. O primeiro, de 1917, é a famosa Declaração Balfour, assinada pelo ministro das Relações Exteriores britânico, Arthur Balfour, que manifestava apoio à causa sionista e ao estabelecimento de um “lar nacional para o povo judeu” na Palestina.

Políticas Contraditórias e Tensões Crescentes

No entanto, em um jogo político contraditório, os britânicos também publicaram o Livro Branco de 1939, que impunha limites à imigração judaica e restringia a compra de terras árabes por judeus. Essa inconsistência na política britânica contribuiu para o aumento das tensões entre as comunidades árabe e judaica na Palestina.

Enquanto isso, a ascensão do nazismo na Alemanha e a intensificação da perseguição aos judeus na Europa ao longo das décadas de 1930 e início de 1940 impulsionaram uma imigração massiva para a Palestina, muitas vezes de forma clandestina. Esse fluxo migratório, motivado pela urgente necessidade de sobrevivência frente ao Holocausto, encontrou forte resistência local. Cidades como o antigo porto de Jaffa tornaram-se palco de revoltas árabes contra o estabelecimento de judeus no território.

A visão sobre essa imigração era radicalmente diferente para cada lado: enquanto os árabes palestinos viam o sionismo como uma estratégia colonialista e imperialista europeia, os judeus enxergavam a imigração para a Palestina como uma alternativa de sobrevivência diante da ameaça de extermínio na Europa. Apesar da resistência local, a presença judaica na região cresceu significativamente. Um ano após o término da Segunda Guerra Mundial, em 1946, os judeus já constituíam aproximadamente um terço da população total da Palestina, ainda sob mandato britânico.

A Criação do Estado de Israel e a Primeira Guerra Árabe-Israelense

O Plano de Partilha da ONU e a Resolução 181

Em 1947, recém-fundada, a Organização das Nações Unidas (ONU) propôs um plano para compartilhar o território da Palestina entre árabes e judeus após a retirada dos britânicos. A sessão da Assembleia Geral que aprovou essa decisão, expressa na Resolução 181, foi presidida pelo diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, um detalhe frequentemente mencionado na história diplomática brasileira.

O documento recomendava a criação de dois Estados independentes – um judeu e um árabe – e estabelecia um regime internacional especial para administrar Jerusalém, cidade sagrada para judeus, muçulmanos e cristãos. As lideranças judaicas aceitaram o plano proposto pela ONU, enquanto os líderes palestinos e dos países árabes vizinhos o rejeitaram, considerando-o injusto e favorável aos interesses sionistas.

A Declaração de Independência e a Guerra de 1948

Foi nesse contexto que David Ben Gurion, líder do movimento sionista e posteriormente primeiro-ministro de Israel, declarou a independência do Estado judeu em 14 de maio de 1948. No dia seguinte, exércitos de países árabes vizinhos – Egito, Síria, Líbano, Jordânia e Iraque – atacaram o recém-criado Estado de Israel, dando início à primeira guerra árabe-israelense.

Após um ano de conflito, foi estabelecido um armistício em 1949, e uma linha divisória conhecida como “Linha Verde” foi traçada no mapa da região. O resultado dessa primeira guerra foi desfavorável aos palestinos: enquanto o Estado de Israel foi oficialmente criado, o Estado Palestino previsto no plano da ONU não se concretizou. O território que seria destinado aos palestinos acabou fragmentado: a Faixa de Gaza ficou sob controle do Egito, enquanto a Cisjordânia e a parte oriental de Jerusalém passaram ao domínio da Jordânia. Além disso, Israel acabou ocupando um território maior do que o inicialmente previsto pela ONU.

A Questão dos Refugiados Palestinos

Um dos desdobramentos mais dramáticos desse conflito foi o deslocamento forçado de aproximadamente 700 mil árabes palestinos, que foram expulsados ou abandonaram suas casas e cidades, tornando-se refugiados em países vizinhos como Jordânia e Líbano. Esse episódio é conhecido pelos palestinos como “Nakba” (Catástrofe) e constitui até hoje um dos pontos mais sensíveis do conflito.

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Paralelamente, judeus de várias partes do Oriente Médio e sobreviventes do Holocausto na Europa passaram a emigrar em massa para Israel, contribuindo para a consolidação demográfica do recém-criado Estado judeu. Nas primeiras décadas de sua existência, Israel era governado por políticos de orientação socialista, e sua economia era marcada pela presença de unidades de produção coletiva (kibutz) distribuídas pelo território.

Décadas de Conflito e Expansão Territorial Israelense

A Criação da OLP e a Guerra dos Seis Dias

A tensão entre Israel e os países árabes vizinhos continuou a crescer nas décadas seguintes. Em 1964, com o apoio da Liga Árabe, foi fundada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que se tornou a principal entidade representativa do povo palestino, status que mantém até os dias atuais.

Em 1967, ocorreu outro conflito de grande importância na região: a Guerra dos Seis Dias, que reafirmou a supremacia militar israelense. Israel derrotou Egito, Síria e Jordânia, e ampliou consideravelmente seu território. Os israelenses passaram a controlar a Faixa de Gaza e a Península do Sinai (tomadas do Egito), as Colinas de Golã (conquistadas da Síria) e a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental (antes sob domínio jordaniano). Essa expansão territorial tem sido condenada pela comunidade internacional e constitui um dos principais pontos de disputa no conflito até hoje.

A Guerra do Yom Kippur e as Primeiras Negociações de Paz

Em 1973, Egito e Síria realizaram um ataque surpresa contra Israel no dia mais sagrado do calendário judaico, o Yom Kippur (Dia do Perdão), iniciando uma nova guerra. Apesar de sofrer derrotas iniciais, Israel acabou prevalecendo militarmente ao final do conflito.

A chegada da direita ao poder em Israel, em 1977, com a eleição de Menachem Begin como primeiro-ministro, deu novo impulso à política de construção de assentamentos judaicos na Cisjordânia, territórios ocupados desde 1967. Essa prática, considerada ilegal pelo direito internacional, continua sendo um dos principais obstáculos para a resolução do conflito.

Um marco importante ocorreu em 1979, quando Begin assinou um acordo de paz com o Egito, mediado pelos Estados Unidos. Em troca da devolução da Península do Sinai, o Egito tornou-se o primeiro país árabe a reconhecer oficialmente o Estado judeu. Por outro lado, os militantes palestinos liderados por Yasser Arafat, da OLP, mantiveram os ataques contra Israel ao longo das décadas de 1970 e 1980.

Intifadas e Tentativas de Paz

A Primeira Intifada e o Surgimento do Hamas

Em 1987, um grande levante popular contra a ocupação israelense da Cisjordânia e Gaza ganhou força entre a população palestina. Essa primeira Intifada (termo árabe que significa “revolta” ou “agitação”) consistiu em uma série de protestos e atos de resistência civil, duramente reprimidos pelas forças israelenses.

Foi nesse mesmo período que surgiu o Hamas, um grupo fundamentalista sunita baseado na Faixa de Gaza, que buscava a libertação da Palestina e o fim do Estado de Israel, opondo-se também à OLP de Arafat, considerada por eles como moderada demais em suas posições.

Os Acordos de Oslo e Assassinato de Rabin

Em meio a tantas guerras e desacordos, 1992 marcou o início do que poderia ter sido um ponto de virada positivo. Nesse ano, o trabalhista Isaac Rabin foi eleito primeiro-ministro de Israel e iniciou conversações de paz com os países vizinhos, que culminaram na assinatura dos Acordos de Oslo entre Israel e a OLP em 1993. O documento foi firmado por Rabin e Arafat em uma cerimônia histórica nos jardins da Casa Branca, com a presença do então presidente americano Bill Clinton.

Os Acordos de Oslo representaram um avanço significativo: a OLP reconheceu formalmente a existência de Israel, e Israel reconheceu a OLP como representante legítima do povo palestino. Em 1994, esse diálogo se ampliou quando Israel assinou um acordo de paz com a Jordânia – o segundo país árabe a reconhecer o Estado judeu, depois do Egito.

O processo de paz parecia promissor até que grupos extremistas começaram a sabotar as negociações. Em 1995, um judeu de extrema-direita assassinou Rabin em um comício pela paz na cidade de Tel Aviv. Paralelamente, o Hamas iniciou uma série de ataques terroristas contra civis israelenses, o que contribuiu para o desmoronamento dos acordos de paz.

Os Desafios do Novo Milênio

Camp David e a Segunda Intifada

As conversações ganharam novo fôlego no ano 2000, após a eleição do trabalhista Ehud Barak como primeiro-ministro israelense, substituindo o conservador Benjamin Netanyahu. Em Camp David, nos Estados Unidos, Barak ofereceu a Arafat o controle compartilhado de Jerusalém e 90% dos territórios ocupados, mas as negociações não foram concluídas com sucesso.

O fracasso dessas negociações, somado à visita polêmica do líder do Likud, Ariel Sharon, à Esplanada das Mesquitas/Monte do Templo em Jerusalém, desencadeou a Segunda Intifada em 2001. Esse período foi marcado pelo aumento de atentados suicidas com bombas contra civis israelenses e por duras represálias militares de Israel contra os palestinos.

Sharon foi eleito primeiro-ministro em 2002 e, como resposta à escalada da violência, Israel iniciou a construção de um muro ao longo de partes das fronteiras com a Cisjordânia, adentrando em terras palestinas. Essa barreira de separação foi duramente criticada pela comunidade internacional, mas defendida por Israel como medida de segurança necessária.

A Retirada de Gaza e o Controle do Hamas

Em 2005, ocorreu um recuo israelense: Sharon retirou unilateralmente as tropas e os colonos judeus da Faixa de Gaza, que passou a ser controlada pelo grupo palestino Hamas dois anos mais tarde, após um conflito interno com o Fatah, partido de Arafat.

Nas décadas seguintes, presidentes americanos como George W. Bush e Barack Obama tentaram sem sucesso levar israelenses e palestinos de volta à mesa de negociações. A região mergulhou novamente em ciclos de violência, com Israel realizando operações militares contra Gaza em 2009, 2012 e 2014, resultando em milhares de mortes palestinas, em resposta aos lançamentos de foguetes do Hamas contra o território israelense.

Em 2015, ocorreu a chamada “Intifada das Facas”, uma série de ataques realizados contra israelenses por palestinos armados com facas. Em resposta, o exército israelense realizou novas incursões militares contra os palestinos, mantendo o ciclo de violência que caracteriza o conflito.

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A Situação Atual: Potência Regional versus Território Fragmentado

Israel: De Kibutz a Potência Tecnológica

Setenta e cinco anos após sua fundação, Israel se consolidou como uma potência regional. Com o apoio constante dos Estados Unidos, o país conta com uma das forças armadas mais bem equipadas e treinadas do mundo. Além disso, desenvolveu uma economia pujante, com destaque para a produção de ciência e tecnologia de ponta, sendo frequentemente referido como a “nação startup”.

Todo esse poder, no entanto, convive com acusações de que o país marcou sua história com inúmeros episódios de uso abusivo da força contra civis palestinos, práticas condenadas repetidamente pela mesma ONU que, em 1948, aprovou a criação do Estado de Israel.

Palestina: Fragmentação Política e Econômica

Do outro lado, a Palestina segue sem reconhecimento pleno como Estado soberano, apesar de ter obtido o status de Estado observador não-membro da ONU em 2012. Além disso, vive uma divisão política interna entre a Cisjordânia, controlada pelo Fatah (mais moderado), e Gaza, sob o domínio do Hamas (mais radical). Sua economia é frágil e sofre com os bloqueios impostos por Israel, especialmente na Faixa de Gaza, uma das regiões mais densamente povoadas e pobres do mundo.

Os Obstáculos para a Paz: Questões Centrais Não Resolvidas

QuestãoPosição IsraelensePosição PalestinaRelevância para o Processo de Paz
Status de JerusalémCapital indivisível de IsraelCapital do futuro Estado PalestinoAlta – Questão simbólica e religiosa crucial
Assentamentos JudaicosConsidera legítimos por razões históricas e de segurançaExpansão ilegal em território palestinoAlta – Obstáculo físico à continuidade territorial palestina
Refugiados PalestinosRejeita o “direito de retorno”Exige retorno ou compensação para cerca de 5 milhões de refugiadosAlta – Questão demográfica e histórica sensível
SegurançaExige garantias contra ataques terroristasExige fim da ocupação militarAlta – Preocupação fundamental para ambos os lados
Hamas e Grupos ArmadosRecusa-se a negociar com o Hamas, classificado como organização terroristaDivisão interna sobre o papel dos grupos armadosMédia – Complica a unidade da representação palestina
Reconhecimento MútuoExige reconhecimento como “Estado Judeu”Reconhece Israel, mas não como “Estado Judeu”Média – Questão de identidade nacional

Em 2023, a paz ainda parece distante, com obstáculos aparentemente intransponíveis. Entre eles, destacam-se:

  1. O controle dos locais sagrados: muitos israelenses e palestinos consideram Jerusalém a capital indivisível de seu próprio Estado, enquanto a ONU propõe um controle compartilhado desse lugar sagrado para três religiões monoteístas.
  2. O retorno dos refugiados palestinos: estima-se que pelo menos 5 milhões de palestinos vivam atualmente como refugiados em países vizinhos, e seu direito de retorno às terras ancestrais permanece como ponto de discórdia.
  3. A recusa de Israel em negociar com o Hamas, grupo que não reconhece a existência do Estado judeu e é classificado como organização terrorista por Israel e vários países ocidentais.
  4. A expansão contínua dos assentamentos de colonos israelenses na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967.

Conclusão: Um Conflito Septuagenário em Busca de Solução

Ao longo de mais de sete décadas, o conflito entre israelenses e palestinos acumulou camadas de complexidade histórica, religiosa, territorial e política. O que começou com o sonho sionista de um lar nacional para o povo judeu e a resistência árabe local a esse projeto transformou-se em um dos conflitos mais duradouros e intrincados da história contemporânea.

A solução de “dois Estados”, que prevê a coexistência pacífica entre um Estado de Israel e um Estado da Palestina, continua sendo a proposta mais amplamente apoiada pela comunidade internacional. No entanto, a implementação dessa solução esbarra em questões práticas como a definição de fronteiras, o status de Jerusalém, o destino dos refugiados palestinos e a questão dos assentamentos israelenses em territórios ocupados.

Enquanto isso, gerações de israelenses e palestinos crescem em um ambiente de desconfiança mútua e ciclos recorrentes de violência. A solução para esse impasse septuagenário continua sendo um dos maiores desafios diplomáticos do mundo contemporâneo, um objetivo almejado por aqueles que celebram e por aqueles que lamentam a criação do Estado de Israel há 75 anos.

Perguntas Frequentes (FAQ)

Por que o movimento sionista escolheu a Palestina para a criação do Estado judeu?

A escolha da Palestina para o estabelecimento do Estado judeu está diretamente relacionada com as narrativas bíblicas sobre a Terra de Israel (Eretz Israel), considerada a terra ancestral do povo judeu. Segundo a tradição judaica, essa região foi prometida por Deus aos descendentes de Abraão e foi o local onde floresceu o antigo Reino de Israel.

Além disso, mesmo após a diáspora judaica (dispersão forçada), uma pequena comunidade judaica continuou a viver na região ao longo dos séculos, mantendo a conexão histórica e espiritual com o território.

O que foi a Declaração Balfour e qual sua importância para a criação de Israel?

A Declaração Balfour foi um documento oficial emitido pelo governo britânico em 2 de novembro de 1917, na forma de uma carta assinada pelo secretário das Relações Exteriores, Arthur Balfour, endereçada ao líder da comunidade judaica britânica, Lord Rothschild.

O documento manifestava apoio ao “estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu”, tornando-se um marco fundamental para o movimento sionista e uma base política para a futura criação do Estado de Israel. A declaração é frequentemente criticada pelos palestinos por ter ignorado os direitos e aspirações da população árabe local, que constituía a maioria na região naquela época.

Por que os países árabes rejeitaram o plano de partilha da ONU em 1947?

Os países árabes e lideranças palestinas rejeitaram o plano de partilha proposto pela ONU (Resolução 181) porque o consideravam fundamentalmente injusto. Embora os judeus representassem apenas cerca de um terço da população total e possuíssem apenas cerca de 7% das terras na Palestina, o plano lhes concedia aproximadamente 55% do território. Além disso, as lideranças árabes argumentavam que a partilha violava os direitos de autodeterminação da maioria árabe na Palestina e questionavam a legitimidade da ONU para determinar o destino do território sem consultar adequadamente sua população nativa.

O que são os assentamentos israelenses e por que são considerados ilegais pela comunidade internacional?

Os assentamentos israelenses são comunidades civis judaicas construídas em territórios ocupados por Israel após a Guerra dos Seis Dias de 1967, principalmente na Cisjordânia, Jerusalém Oriental e, até 2005, na Faixa de Gaza. São considerados ilegais pela maioria da comunidade internacional com base na Quarta Convenção de Genebra, que proíbe uma potência ocupante de transferir sua própria população civil para territórios que ocupa.

A ONU, através de múltiplas resoluções do Conselho de Segurança, como a Resolução 2334 de 2016, considera que esses assentamentos “não têm validade legal” e constituem uma “flagrante violação” do direito internacional. Israel contesta essa interpretação, argumentando que os territórios em questão não estavam sob soberania legítima de nenhum Estado antes da ocupação.

Qual a diferença entre a OLP, o Fatah e o Hamas?

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) é uma coalizão de diferentes organizações políticas palestinas, reconhecida internacionalmente como representante legítima do povo palestino. O Fatah é o maior partido político dentro da OLP, fundado por Yasser Arafat na década de 1960, e atualmente controla a Autoridade Palestina na Cisjordânia.

O Hamas, por sua vez, é um movimento islamista fundado em 1987, durante a Primeira Intifada, que não faz parte da OLP. O Hamas ganhou as eleições legislativas palestinas em 2006 e, após um conflito com o Fatah, assumiu o controle exclusivo da Faixa de Gaza em 2007. Enquanto o Fatah reconhece o Estado de Israel e defende a solução de dois Estados, o Hamas, em sua carta fundacional, não reconhece Israel e defende a criação de um Estado palestino em todo o território da Palestina histórica.

Por que Jerusalém é uma cidade tão disputada no conflito?

Jerusalém ocupa um lugar central no conflito israelo-palestino devido a seu imenso significado religioso, histórico e simbólico. Para os judeus, a cidade abriga o Muro das Lamentações, último vestígio do Segundo Templo e o local mais sagrado do judaísmo. Para os muçulmanos, Jerusalém é o terceiro lugar mais sagrado do Islã, contendo o Domo da Rocha e a Mesquita de Al-Aqsa, de onde, segundo a tradição islâmica, o profeta Maomé ascendeu aos céus.

Para os cristãos, a cidade é cenário da crucificação e ressurreição de Jesus Cristo. Além desse valor religioso, Jerusalém possui enorme importância política: Israel a considera sua capital “eterna e indivisível”, enquanto os palestinos aspiram fazer de Jerusalém Oriental a capital de seu futuro Estado independente. Essa sobreposição de reivindicações torna a questão de Jerusalém um dos pontos mais sensíveis nas negociações de paz.

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